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Editorial: Fechar as torneiras

Preparando-se para um novo mandato à frente do governo paulista, e sem dúvida para os próximos e difíceis meses no que respeita ao abastecimento de água, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a substituição do atual secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, por Benedito Braga, especialista respeitado do setor.

Foram oito meses invulgarmente difíceis os que Arce passou à frente da secretaria. Ademais dos óbvios problemas decorrentes da falta de chuvas, coube-lhe conviver com uma atitude de tergiversações e negaceios na área política do governo, certamente agravada pela conjuntura pré-eleitoral.

Não parece ser esta a disposição de Benedito Braga. Já em suas declarações iniciais à imprensa, o engenheiro sintetizou, até secamente, os termos do problema com que terá de se haver. A curtíssimo prazo, disse, não há como aumentar a oferta de água de modo significativo. Resta controlar a demanda.

Uma vez que o desconto para quem reduz o próprio consumo já foi adotado, é preciso estudar, agora, o instrumento econômico para reduzir o uso excessivo, afirmou. Recusando-se a chamá-lo de “multa”, o futuro secretário dificilmente escapará do que possa haver de impopular, na prática, no mecanismo que cogita.

Trata-se, provavelmente, de medida inevitável e –conforme se foi concluindo ao longo de meses de um debate nem sempre transparente sobre o tema– mais eficaz do que o simples racionamento.

Diga-se, para fazer justiça a seu antecessor, que Mauro Arce já havia proposto sanções econômicas ao excesso de consumo. Foi demovido de seus planos pelo estilo escorregadio que, na ocasião, era adotado pelo governador paulista.

Já reeleito, o próprio Alckmin parece disposto à adoção da medida. Diante do risco iminente de colapso, impõe-se acompanhá-la de uma decidida campanha de opinião pública em prol de drástica redução do consumo.

Essa necessidade se mostra ainda mais premente na medida em que o aumento das chuvas, e as consequentes cenas de alagamento, podem provocar a impressão de que o pior da crise já passou.

Na verdade, o consumo de água cresce no verão, e por ora não se registram precipitações significativas nas áreas vitais para o abastecimento. Teriam de assumir, aliás, proporções bíblicas para afastar o perigo nos próximos meses.

A mobilização de governo e sociedade num enfrentamento real do problema não haverá de ser, talvez, familiar ao perfil político, como se sabe algo insípido e diluído, da atual administração estadual. Talvez pudesse, entretanto, justamente impor-lhe as características de liderança pública que nem sempre demonstra

EDITORIAL O ESTADO DE SP

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