Por Hiram Sartori*
Olá! Meu nome é Hiram Sartori e sou Engenheiro Sanitarista. Fico muito feliz com a oportunidade de escrever para o portal do Saneamento Básico e gostaria de iniciar minha coluna aqui tratando de um tema que me é muito caro: a importância de melhorias sanitárias em comunidades de baixa renda.
Dado o fato de que possuo grande preocupação com o entrelace entre as questões ambiental e social, acredito que é bastante importante que façamos uma discussão acerca das buscas necessárias pela implantação de cuidados e melhorias sanitárias em todas as áreas ocupadas por agrupamentos humanos, em especial aquelas que possuem um baixo índice de desenvolvimento e/ou pessoas com uma renda muito abaixo daquela que consideramos necessária para a manutenção de um estilo de vida saudável.
Acredito que seja necessário salientar que a Saúde Pública diz respeito ao cuidado com o bem-estar e a integridade física de todas as pessoas e que medidas que visem aproximar e transformar a percepção de um grupo acerca de suas próprias demandas são de extrema relevância. Existe um desconhecimento acerca dos próprios direitos em boa parte de nosso país, mas especialmente em comunidades onde as pessoas estão habituadas a não terem asseguradas as suas necessidades básicas, e o método para erradicar esta situação não é simples, mas é possível.
Tenho a certeza de que o primeiro passo para levar à comunidades carentes algumas noções acerca de saneamento, cuidado ambiental e saúde é promover oficinas, workshop´s e palestras que tenham como objetivo suscitar o debate, esclarecer dúvidas e apresentar fatos. Por meio da percepção da realidade, estas pessoas poderão encontrar formas de transformar o local em que estão, cobrar iniciativas do governo e identificar um método de ação efetivo para as suas conclusões, escolhas e objetivos.
Sustentabilidade
É impossível pensar em sustentabilidade, consciência ambiental e reciclagem quando não discutimos, por exemplo, sobre as características dos resíduos domésticos, suas propriedades e a capacidade de transformação e reciclagem de uma série de artigos que costumeiramente jogamos fora – normalmente sem tratamento. A participação comunitária, neste sentido, é imprescindível: embora o primeiro passo seja absolutamente individual, uma vez que ocorre dentro das residências e deve partir de uma iniciativa pessoal, a movimentação comunitária é que faz toda a diferença. Se conseguirmos instaurar uma preocupação coletiva, poderemos conseguir serviços de coleta seletiva, criar oficinas de reciclagem e diminuir consideravelmente a necessidade de consumo (e o descarte constante de itens que poderiam ter outras finalidades).
Em comunidades onde há escassez de água ou fontes de água poluídas, há a possibilidade de criarmos trabalhos, aulas e workshop´s que visem ensinar noções sobre o tratamento caseiro de água, impedindo que as pessoas continuem a consumir água contaminada (o que, como se pode imaginar, é extremamente nocivo à saúde coletiva). A partir daí, a discussão pode seguir o rumo e encontrar, por exemplo, com a questão da captação de água subterrânea ou da chuva e mesmo a instauração de uma mentalidade que vise a não-poluição dos recursos naturais.
Como se pode ver, é possível pensar em trabalhar com melhorias sanitárias em todos os lugares – e é de muita importância que orientemos nossos professores e futuros profissionais neste sentido. A partir de iniciativas ousadas, em locais carentes de auxílio governamental, teremos a possibilidade de criar uma mentalidade forte, educada e preocupada com a nossa trajetória enquanto seres humanos em um planeta que, percebemos hoje, talvez não esteja preparado para a nossa sede de consumo.
*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.
Site: hiramsartori.com.br
Twitter: @hiram_sartori
LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/hiramsartori
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