saneamento basico

Mudar o Brasil exige uma ou duas gerações, mas tem que começar um dia!

Por Jorge Horácio Audy

Como ressignificar os princípios de um país 100% individualista, imediatista e oportunista? Como seria a eliminação de desperdícios, foco em valor, disciplina, sustentabilidade, mas acima de tudo, real valorização do cliente (povo) na busca de equilíbrio entre tantos stakeholders?

Se o país fosse uma empresa, é como se ela não se interessasse realmente pela satisfação dos clientes, menos ainda ter uma relação sustentável com fornecedores e parceiros. Fosse assim, qualquer empresa estaria fadada a rejeição e a falência, seria uma questão de tempo.

Em um mapping de necessidades, sempre será preciso investir em segurança, saúde, saneamento básico, infraestrutura, mas isso mantém uma roda-viva se o principal e maior valor possível não for a educação e bons exemplos, incentivo à cidadania, pertença e responsabilidade.

Impossível querer uma mudança integral em alguns anos, educação exige tempo, bottom-up, mostrando valor, construindo bons exemplos, perseverando e lembrando que vai demorar várias décadas. Neste ínterim os avanços serão poucos, com o individual sobrepujando o social.

Uma opção é investir e valorizar organizações que podem contribuir neste processo de nova aculturação e de mudança, organizações sérias como o Escotismo, Rotary, Lions e Leos clubes, defesa civil, entre outros voluntariados. O MVP são as crianças e jovens através da educação.

Linkando com métodos ágeis, as empresas e empresários poderiam ter papel crucial neste processo, assumindo um papel mais ativo neste processo de aculturação. dando o exemplo, incentivando a educação e um papel mais consciente e cidadão de seus funcionários.

Somos muitos Brasís

Século XIII – Nós somos um país dividido em um enorme túnel do tempo, onde a maioria vive na idade média sem as mínimas condições de higiene ou alimentação adequada, sem cultura ou educação decente, saúde e segurança precárias. Nas vilas, favelas e bolsões urbanos a impressão é de áreas de exclusão nas quais vale a lei da selva.
Século XXI – Do outro lado deste túnel há uma minoria absoluta que vive na modernidade e em meio a privilégios, tecnologia de ponta, escolas bilingues, saúde de primeiro mundo, segurança 24 horas, clubes e shoppings. Esta parte mora em condomínios de mansões, seguros e auto-suficientes, só é preciso sair para trabalhar, alguns nem disso precisa.

Entre esses dois Brasís há uma classe média pressionada por ambos os lados, onde a maioria absoluta a décadas optou pela neutralidade, alguns não concordam com os meios usados pela minoria, mas ficam aliviados em poder garantir o seu e não comprometer sua posição, algo aceitável em um contexto tão inserto quanto nosso contexto sócio-político-econômico.

A quem sonha com uma revolução francesa, o problema para esta pretenção é equacionar passagens aéreas e acomodação para tantos franceses virem aqui fazer isso por nós!
A válvula de escape desta classe média são as redes sociais, onde a opinião é livre e segura tanto quanto fútil, todos “sonham” com um país mais seguro, educado, saudável, um país em que a imensa carga tributária seja transformada em algo de bom para o futuro dos filhos e netos de todos … mas lá fora o Brasil do século XIII não tem força nem nada a perder e o do século XXI não tem interesse em mudanças.

Somos um barril de pólvora

Desde as capitanias hereditárias o Brasil convive com diferentes formas de dominação oportunista com sua turma de privilegiados da hora, a sombra de governantes, legisladores e juristas que os legitimam. O meio de perpetuação é manter a maioria do povo ignorante e carente de tudo, mas dando-lhes periodicamente um cirquinho em que se sintam momentaneamente iguais a minoria privilegiada.

Passados mais de 500 anos, temos boa parte da população vivendo de salário mínimo, bolsas e biscates, sobrevivendo, mas com “direito” a se achar gente vez em quando. Quando o assunto é futebol e carnaval, mais que expressão da cultura de um povo, desaparecem magicamente a distinção de classe ou fome, todos são iguais, quer com uma bola nos pés ou com uma fantasia de plumas e paetês.

Fogo de palha, quer torcendo no futebol ou vestidos como condes e duques, com plumas e pedraria, se imaginando com um futuro melhor, onde gente simples são os artistas da bola, artesões e protagonistas da festa. Uma injeção de ânimo antes de voltarem a completa falta de educação para si e seus filhos, sem saúde e segurança mínimos para a maioria tentar crescer …

A consequência é sermos um país dado a breves picos de extrema felicidade e longos vales de extrema necessidade, gerando manifestações exarcebadas e passionais baseadas no imaginário de um povo carente. O futebol não é só esporte, o carnaval não é só um festejo sazonal, são entorpecentes e levam da euforia às morte em brigas de torcida, um simples desfile ou protesto podem descambar para a depredação.
Status Quo
A meu ver, o maior mal feito no último século ao povo brasileiro foi a construção de Brasília, uma forma de distanciar o poder da interação do cliente (povo). Se fosse para desenvolver o planalto central poderiam ter feito ali um distrito industrial ou zona franca. A solução brasileira foi DISTANCIAR-SE ao máximo dos seus clientes (povo) para que pudessem fazer aquilo que bem quisesse sem ser pressionado.

A copa das copas de 2014 é como Brasília, é a essência do Brasil, é como um BANQUETE MEDIEVAL, enquanto milhares curtem e pagam até R$10K para assistir a um jogo, a maioria lá fora não tem saneamento básico, atendimento de saúde, segurança ou educação descente, mas mesmo assim, miseráveis incultos e manipuláveis saem as ruas para saudar e reverenciar o desperdício de seus “nobres”.

Após séculos de desmandos e oportunismo é preciso investir na educação, refazer a auto-estima, desfazer os currais eleitorais, oferecer conhecimento e dissernimento a quem nada pode, garantir que o povo tem sim direito de exigir resultados ao invés de resignar-se.

Fonte: Baguete

Veja mais: http://www.baguete.com.br/colunas/jorge-horacio-audy/17/07/2014/mudar-o-brasil-exige-uma-ou-duas-geracoes-mas-tem-que-comecar-um-dia

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