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Agência francesa busca ampliar parcerias no país e oferece crédito aos governadores

Com uma carteira global de € 21 bilhões em empréstimos, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) coloca o Brasil entre suas prioridades e se dispõe a aumentar os desembolsos ao país, abrindo perspectivas de financiamento barato aos 27 governadores de Estado que tomam posse no dia 1º de janeiro.

Atualmente, a agência apoia mais de dez projetos brasileiros, que já somam € 1,4 bilhão em créditos aprovados. “Vemos um enorme potencial para o crescimento das parcerias no Brasil”, afirma o chefe do escritório da AFD no Brasil, Laurent Duriez. De acordo com ele, o desempenho modesto da economia francesa não afetará os desembolsos previstos. “Queremos fazer mais no país e temos capacidade para isso, mas o objetivo é ir além do financiamento em si e transferir expertise aos nossos parceiros.”

Atualmente, a agência francesa pratica duas modalidades distintas de empréstimos no Brasil. Na primeira, financia projetos de governos estaduais e municipais, sempre com garantia da União. Na segunda, com risco próprio, financia empresas estatais e bancos de fomento – como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

O financiamento pode ter até 15 ou 20 anos de prazo, com ou sem risco cambial, e a taxa de juros normalmente não é divulgada. “Mas é certamente mais barato do que o mercado oferece”, afirma Duriez. Projetos em mobilidade urbana, energias renováveis, saneamento básico e resíduos sólidos estão no topo das prioridades da agência francesa. No ano passado, foram aprovados € 8 bilhões em novos compromissos de financiamento, o que dá uma mostra do espaço que ela ainda tem para ampliar as parcerias no país.

No Brasil, entre os maiores créditos liberados, estão um financiamento para a construção da Linha 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que chegará ao entorno do aeroporto internacional de Guarulhos, e outro para a promoção do desenvolvimento sustentável e da redução de desigualdades em Minas Gerais, com investimentos em acesso à rede elétrica nas áreas rurais e conexão de residências aos sistemas de água e esgoto. O financiamento da AFD soma € 300 milhões em cada um dos projetos.

No fim de novembro, o BNDES obteve empréstimo de € 165 milhões da agência francesa para financiar projetos que tragam impactos positivos ao clima nas áreas de energias renováveis e eficiência energética, de modo a contribuir com a redução de gases-estufa. O contrato tem prazo de 12 anos, com três anos de carência. Foi a primeira operação fechada entre as duas instituições.

Duriez afirma que não se trata apenas de oferecer financiamento relativamente barato, mas estabelecer parcerias duradouras. “Estamos convencidos de que, quando você participa de projetos como esses, estará perto dos parceiros por bons anos. E isso dá oportunidade de um diálogo mais amplo”, diz o executivo. Ele reconhece que muitos projetos sofrem atrasos, mas evita fazer críticas à burocracia local. “Confiamos na estrutura institucional e regulatória que encontramos por aqui.”

A agência tem escritórios em 70 países – a maioria de baixo desenvolvimento. Ela se fixou no Brasil em 2007, mas só começou efetivamente a fazer seus primeiros desembolsos a partir do início desta década. De forma geral, as prioridades da agência são mudanças climáticas, proteção à biodiversidade, combate à pobreza e expansão da infraestrutura do país.

http://www.valor.com.br/brasil/3822398/agencia-francesa-busca-ampliar-parcerias-no-pais-e-oferece-credito-aos-governadores#ixzz3M5TUjLT7

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