Após reajuste, Sabesp diz que vai adiar obras de saneamento

O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse nesta terça-feira (5) ao SPTV que a empresa vai adiar obras de saneamento porque o reajuste autorizado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) foi menor do que o pedido pela empresa. De acordo com ele, as obras vinculadas à garantia hídrica são prioritárias e não vão sofrer nenhum aumento.

“Nós pedimos 23% com consciência de que isso era o necessário, como a Arsesp nos deu 15%, essa diferença significará que algumas obras que nós tinhamos intenção de começar em 2015 serão postergadas”, afirmou.

A Sabesp obteve  reajuste de 15,24% e há menos de seis meses a conta teve um reajuste anterior, de 6,5%. A Arsesp explicou, na página oficial na internet, o motivo do novo aumento na conta de água.

Pelas explicações, o aumento se deve ao prejuízo da Sabesp com a crise hídrica e com o aumento da energia elétrica usada nas bombas.  Quando as represas secaram, o lucro da Sabesp caiu dos quase R$ 2 bilhões em 2013 para R$ 903 milhões em 2014.

Ao autorizar o reajuste, a Arsesp cobrou da Sabesp redução de custo e mais eficiência para diminuir os impactos da crise.  A Arsesp também permitiu que para equilibrar as contas, a Sabesp suspenda, quando quiser, a política de bônus.

Quando a Sabesp recebeu a licença pra explorar o Cantareira, a Agência Nacional de Águas (ANA) alertou a companhia sobre a necessidade de investir em novas fontes de abastecimento, mas só depois da crise é que vieram as obras para ampliar a produção de água.

“Agora nós estamos correndo atrás daquilo que se deixou de ser feito nesse passado que inclusive estava previsto na outorga”, diz o especialista em recursos hídricos Antônio Giansante.

A agência explicou que o reajuste agora autorizado de 15,24% é resultado de duas deliberações. Elas que consideram o aumento anual e também um pedido de revisão “extraordinária” (veja na tabela).

Defesa do reajuste maior
Sobre o pedido para um reajuste ainda maior, a Sabesp justificou à época alegando um desequilíbrio financeiro no contrato em razão da previsão de aumento de custos com energia elétrica e da redução de receita motivada pela crise hídrica e pela menor produção de água.

Segundo a nota divulgada pela companhia, os 22,7% de aumento pedidos incluem 7,80%, referente ao reajuste da tarifa pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), “menos o fator de produtividade e mais o resíduo do ajuste compensatório retroativo, referente a primeira revisão tarifária, e 13,82%, referente a revisão extraordinária.”

A proposta de reajuste de 13,87% feita pela Arsesp já considerava um reajuste de 7% de variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desde março do ano passado e um reajuste extraordinário de 6,3% para compensar as perdas apresentadas pela Sabesp.

A audiência aconteceu no último dia da consulta pública feita pela Arsesp sobre o reajuste a ser aplicado. Nos próximos dias, deverá ser divulgado o percentual, que será aplicado a partir de maio, mas será retroativo ao mês de abril.

Prejuízo com a seca
Em março, o secretário estadual de Recursos Hídricos, Benedito Braga, disse em entrevista ao G1 que a companhia vive uma situação econômica difícil porque houve uma perda de receita com a queda no consumo de água e na concessão de bônus para quem economizasse.

A Sabesp teve lucro líquido de R$ 903 milhões em 2014, queda de 53% frente ao resultado de 1,92 bilhão de reais em 2013, sob impacto da crise hídrica. A receita líquida foi de R$ 11,2 bilhões, praticamente estável frente aos R$ 11,31 bilhões do ano anterior.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 2,9 bilhões, frente a R$ 4 bilhões em 2013.

O último reajuste autorizado à companhia foi de 6,49% da tarifa a partir de 27 de dezembro de 2014. Na época, a Arsesp disse que autorizou o reajuste por causa da situação atípica de seu mercado para assegurar seu equilíbrio econômico-financeiro, “devido à escassez hídrica e as medidas que vem adotando de estímulo à economia de água para assegurar o abastecimento”.

 

Fonte: G1

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