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Casan deve investir R$ 1,8 bi em esgoto sanitário até 2017

Enquanto só se fala em crise no Brasil, a Casan, Companhia de Água e Saneamento de SC, executa o maior volume de investimentos da sua história. São mais de R$ 1,8 bilhão em obras em 90 municípios do Estado, afirma o presidente da companhia, o engenheiro civil Valter José Gallina. SC vai passar do 17º Estado do país para o 4º em saneamento básico.

Durante anos a Casan negociou financiamentos para investir mais. Agora o dinheiro chegou. Quanto a empresa tem para investir e quais são os principais financiadores?

Temos hoje mais de R$ 1,8 bilhão para investimentos até em 2017. São mais de R$ 420 milhões da Caixa Econômica Federal, R$ 410 milhões da JICA (instituição financiadora do Japão), mais de R$ 350 milhões da instituição francesa AFD, R$ 100 milhões do BNDES e outros. Além disso, há as contrapartidas da Casan. Até 2017, esse montante vai superar os R$ 2 bilhões. Fizemos bons projetos e soubemos aproveitar.A capacidade de endividamento da emrpesa está em alta e tivemos o respaldo do governador Raimundo Colombo que avalizou tudo. Estamos com obras a todo o vapor.

Há obras em quantos municípios?
Em 90 municípios. Não sei se tem alguma empresa oxigenando tanto a economia de SC quanto a Casan.

A empresa é criticada pelo baixo índice de esgoto tratado no Estado. Como está hoje, como vai ficar e o que é projetado para o futuro?

É uma vergonha para nós. Hoje, o Estado é o melhor em qualidade de vida no Brasil, tem o menor índice de mortalidade infantil, menor índice de desemprego, de analfabetismo, maior longevidade, mas temos apenas 19% de cobertura de esgoto e somos o 17o Estado brasileiro em sanemanto. Com esses investimentos, até 2017 vamos chegar a 49% de cobertura de esgoto e ficaremos em 4o lugar no país. Projetamos a universalização do saneamento básico para 2028. Mas para os 80 menores municípios, estamos negociando um empréstimo com o banco alemão KfW de 100 milhões de euros (cerca de R$ 350 milhões). Eu e o governador vamos para a Alemanha firmar esse compromisso no final do ano. Esse plano permitirá chegar a 60% de cobertura de esgoto e ficaremos, então, em 2o lugar, atrás apenas de Brasília.

O que está sendo feito para evitar a falta de água no próximo verão na região da Grande Florianópolis?
Não faltou água no Norte da Ilha no último verão. Foi um desafio. Nos 45 anos da Casan faltou água na região em todos os verões. Na última temporada fizemos um planejamento técnico e investimentos R$ 25 milhões para que não faltasse água e não faltou. Este ano, planejamos investir R$ 20 milhões. Estamos trabalhando para que não falte mais água.Eu falo muito na obra do flocodecantador. É uma obra de R$ 25 milhões que vai aumentar em 50% a capacidade de tratamento de água na Grande Florianópolis. Ficará pronta em meados de dezembro.

Muitos municípios deixaram a Casan após o término do contrato de 30 anos e optaram por gestão própria. Como está esse processo?

Em 2004 saíram 32, entre os quais alguns grandes como Joinville e Lages.Foi uma época em que a Casan não tinha grandes investimentos e o passivo era grande. Hoje é diferente, temos grandes investimentos. Içara retornou para a Casan este ano, Porto Belo e Barra Velha retornaram. Chapecó saiu e voltou. Garopaba e Paulo Lopes também retornaram. Em 2013 saiu Imbituba, quando tínhamos R$ 50 milhões para investir lá com recursos da Caixa. Eles recusaram esse investimento, disseram que iriam investir e não fizeram um metro de esgoto.Palhoça saiu da Casan há oito anos, nesse período não foi feito um metro de esgoto e temos recursos para investir lá. Estamos em negociação do valor da tarifa da água. Se voltarem, temos R$ 80 milhões para investir no município. Mês que vem a Justiça deverá definir uma nova tarifa para Palhoça e aí vamos negociar a volta para a Casan.

Diversas cidades tiveram dificuldades para tratar a água. É muito difícil?

São vários tipos de tratamento e muitos produtos são importados. Se a água tem excesso de ferro, é preciso tratar, se tem muito manganês. São poucas só com cloro. As exigências dos órgãos ambientais de fazer testes de duas em duas horas. São muitas coisas. A água da Casan é considerada a melhor do Brasil. Eu tomo água da torneira, coisa que eu não fazia antes de trabalhar na Casan. Mas é preciso ter uma caixa d’água limpa, o que deve ser feito a cada seis meses. Há empresas especializadas nisso.

São Paulo enfrenta há dois anos uma grande seca e a Sabesp, companhia de água do Estado, é acusada de não ter investido o suficiente enquanto retorna muito lucro aos acionistas. Se der uma grande seca em SC, a Casan está preparada?

Em São Paulo eu acho que faltou planejamento. Mas qual é a região de Santa Catarina que poderá, daqui a 10 anos, passar o que São Paulo passou se acontecer uma grande seca? Por incrível que pareça, a região de Chapecó. Isso porque não há rios que passam dentro do município. Há dois rios, o Lageado Tigre e o Lageado Chapecó. Os dois mais próximos são o Rio Uruguai a cerca de 60 quilômetros e o Chapecozinho, que fica depois de Xanxerê. Fizemos um projeto mutio bem feito. Apuramos que ele requer orçamento superior a R$ 220 milhões e uma adutora de um metro de diâmetro. Fomos atrás de recursos e conseguimos com o Ministério da Integração.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apurou que os reflorestamentos das nascentes de rios na Região Sul estão bem. Santa Catarina está nesse grupo enquanto outras regiões do Brasil enfrentam situação preocupante. O que a Casan faz para proteger as nascentes?

Nós temos parcerias com vários municípios e associações que desenvolvem projetos de proteção das nascentes. Em Caçador, temos o SOS Nascentes. Mas eu gostaria de destacar um em especial, o Consórcio Iberê, que em 2012 foi considerado um dos dois melhores do Brasil em proteção de mata ciliar em nascentes. O trabalho é desenvolvido por prefeituras (municípios de Cordilheira Alta, Chapecó, Guatambu, Planalto Alegre, Caxambu do Sul, São Carlos e Águas de Chapecó), Ministério Público, Polícia Ambiental e outras instituições. A Casan participa ativamente com recursos e pessoas. Eu assinei convênio superior a R$ 300 mil para esse projeto este ano.

 

 

Fonte: Diário Catarinense

Foto: Diorgenes Pandini, Agência RBS

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