saneamento basico

Quer beber água extraída do ar da Amazônia? É só abrir a garrafa

O ar da Amazônia é tão úmido, mas tão úmido, que dá até impressão que a gente pode beber. Bem, agora pode. Um grupo de empreendedores brasileiros está lançando uma nova água engarrafada. Ela é extraída do ar da Amazônia. A empresa Ô Amazon Air Water vai lançar garrafas com água condensada e filtrada da atmosfera. O processo é feito com energia solar. A água condensada é tão pura que a empresa precisa repor alguns minerais para equilibrar o sabor. As garrafas terão ainda uma tampa feita com plástico biodegradável a base de milho. A tampa tem um compartimento com sementes. Além de se decompor no solo, ela germina. Nas últimas reuniões, os sócios decidiram abrir uma flagship em São Paulo, para cuidar das vendas no Brasil. Nessa loja conceito, além da Ô Amazon Air Water, serão oferecidas também outras águas premium existentes no mercado. Também haverá destinação do mesmo percentual de lucro para fomento de iniciativas socioambientais. Quem explica tudo isso é Cal Junior, produtor e documentarista, que agora se lança à aventura hídrica com três sócios. Para quem mora em São Paulo e enfrenta a crise de abastecimento, beber água da Amazônia pode ter seu charme.

ÉPOCA: Como surgiu a ideia do negócio?
Cal Junior: A ideia surgiu em 2010, quando iniciamos pesquisas para desenvolver no Brasil e tecnologia utilizada para produzir água a partir do ar por meio de filtragens, osmose reversa e remineralização. Logo no início percebemos que a verdadeira inovação seria, em vez de representar a tecnologia no país, produzir e engarrafar água. Para isso, escolhemos o ar mais puro do planeta, o da Amazônia, sempre tendo como norte a preocupação em desenvolver projetos que sejam verdadeiramente sustentáveis.

ÉPOCA: Se a demanda crescer, há planos de expandir a produção com novas máquinas?
Junior: Para a fase inicial, teremos três máquinas instaladas, duas com capacidade de 5 mil litros por dia e outra de 500 litros/dia, esta última com sua produção integralmente usada para distribuição gratuita de água potável à população de Barcelos. Expandiremos em duas etapas já previstas. Na primeira, até 2018, dobraremos a produção para 12 milhões de garrafas por ano e entraremos no mercado americano. Para isso precisaremos de mais duas máquinas. Na segunda, até 2022, teremos ao todo 20 máquinas para produzir 60 milhões de garrafas por ano, com distribuição em todo o mundo. Acho importante esclarecer, para quem acha que isso pode afetar a umidade relativa da região, que 20 máquinas dessas representam infinitamente menos do que, por exemplo, o conjunto de aparelhos de ar condicionado instalados só em parte da avenida Paulista ou em qualquer outro lugar que concentre grandes empresas. Uma única árvore com copa de 20 metros de diâmetro produz todo dia até mil litros de água por evapotranspiração.

ÉPOCA: Como é o sabor da água? Ela parece com água mineral de uma nascente ou de um poço? A água incorpora algo das substâncias em suspensão na atmosfera da região?
Junior: A água não tem sabor. Ela tem paladar, por conta dos minerais. O paladar da Ô Amazon Air Water será único, seguindo os padrões das principais águas premium do mundo. Além de usar como matéria-prima o ar mais puro do planeta, o processo de mineralização de Ô, que é o nosso segredo industrial, fará toda a diferença. Logo na primeira safra a produção será testada por degustadores profissionais para entrar no finewatters.com. Atualmente neste guia só existe uma água brasileira, produzida no Paraná. A Ô será a próxima e a primeira que não brota do chão nem escorre da montanha.

ÉPOCA: O que acontece no período de queimadas na região, quando há cinzas em suspensão no ar? A água fica contaminada pelas cinzas?
Junior: Nosso empreendimento está instalado numa área de 1,75 milhão de metros quadrados, por concessão da Prefeitura de Barcelos. Em todo esse espaço, a preservação será total. Com o fundo de investimento que criaremos destinando R$ 1 de cada garrafa vendida, o que equivale a cerca de 25% do nosso lucro, a ideia será fomentar outros projetos sustentáveis que também pressuponham preservação total. Além disso, as queimadas não são comuns na região. Quando ocorrem, são prontamente combatidas. Se ocorrerem, não afetarão a água. A única questão é que os filtros demandarão manutenção mais rigorosa e com maior frequência.

ÉPOCA: Há algum plano de criar uma iniciativa semelhante para fazer água do ar da Mata Atlântica, com gostinho de maresia, como a água Pedras Salgadas de Portugal?
Junior: Temos ainda no papel planos de expansão em diferentes regiões do Brasil. Aliás, um empreendimento já estava sendo implementado, na favela da Rocinha, mas precisamos adiá-lo por causa da volta das tensões entre forças do Estado e o crime organizado. A água feita lá se chamará Samba, cuja operação também tem uma proposta social muito forte. Também já pensamos na Mata Atlântica. É uma ótima região e muito provavelmente desenvolveremos em algum momento um projeto lá.

FONTE> REVISTA EPOCA

Últimas Notícias:
Gerenciando Montanhas Lodo

Gerenciando Montanhas de Lodo: O que Pequim Pode Aprender com o Brasil

As lutas do Rio com lodo ilustram graficamente os problemas de água, energia e resíduos interligados que enfrentam as cidades em expansão do mundo, que já possuem mais de metade da humanidade. À medida que essas cidades continuam a crescer, elas gerarão um aumento de 55% na demanda global por água até 2050 e enfatizam a capacidade dos sistemas de gerenciamento de águas residuais.

Leia mais »