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RJ: Pezão: ‘Se não chover em 30 dias, vamos ter problemas’

RIO – Em sabatina promovida na tarde desta quinta-feira pelo GLOBO, o governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), admitiu a possibilidade de o Rio de Janeiro sofrer com falta d’água, caso não chova nos próximos 30 dias. Ele disse que o estado passa pela maior seca dos últimos 50 anos, mas que o sistema de Ribeirão das Lajes ainda garante o abastecimento “por uns 30 dias”. Em nota, porém, a Cedae garantiu que “não há risco de falta d’água na Região Metropolitana do Rio, mas “existem algumas regiões do estado abastecidas por mananciais locais que podem ter o abastecimento prejudicado” .

Questionado se o Rio está seguro do risco de ter racionamento de água no Rio, considerando a crise de São Paulo e a redução da vazão do Rio Guandu, e que medidas adotaria, se eleito, para evitar isso, Pezão respondeu:

— A gente ainda tem ali o sistema de Ribeirão das Lajes, da Represa da Light, e a vazão que está se tirando em Santa Cecília. Hoje tive até uma reunião, ainda dá para o abastecimento. Mas se a seca continuar pelos próximos 30 dias, vamos ter problemas.

O governador não descartou a possibilidade de haver um racionamento:

— Não sei se chega a racionamento, porque a represa é um reservatório estratégico. Foi até onde tive a minha vida inteira, na represa de Ribeirão das Lajes. É um reservatório usado na emergência. Acho que garante ai pelos 21, 30 dias, quando começa o período de chuvas. Espero que comece a chover. Agora, começa o período. Já temos previsão de chuva para a semana que vem. Venho acompanhado sistematicamente os radares. Parece que vai começar a chover. É um período de muita chuvas, outubro, novembro. Mas a seca está muito grande. Hoje, fui visitar Petrópolis, a base dos Bombeiros que estava lá. Conversando com gente antiga. Parece que, nos últimos 50 anos, é uma das maiores secas. Uma queimada muita grande. Assustador o que vi lá. Me falavam dos dados que têm do satélite. Parece que na semana que vem, vai chover.

CRÍTICAS AOS EVANGÉLICOS

Apesar de ter recebido críticas até de aliados, como o deputado federal Eduardo Cunha, também do PMDB, Pezão negou que sua campanha tenha errado no tom ao atacar o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus ao adversário Marcelo Crivella. Diante da pergunta da editora assistente Maiá Menezes, ele destacou que no primeiro turno, suas alianças foram “plenamente discutidas” pelos quatro adversários.

— Apanhei, e não tinha nem como responder, e mostrar como era a minha aliança. No segundo turno é um contra um. O Marcello Crivella passou para o segundo turno com a menor rejeição de sua história. E eu tenho o direito de discutir o que representa a Igreja Universal e o projeto de poder da Igreja Universal — afirmou. — Não atingi nenhum fiel da Universal — completou.

O governador ainda criticou o projeto Cimento Social, o principal projeto de Crivella, que facilita a aquisição de material de construção para obras residenciais em comunidades carentes. Segundo ele, “algumas pessoas só tinham o benefício por pertencer à igreja”.

INVESTIMENTOS DO ESTADO

Perguntado sobre como serão financiados projetos de alto investimento, como a expansão do Metrô, Pezão disse que o estado ainda tem capacidade de endividamento de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões.

— Ainda temos capacidade de endividamento, inclusive pelo próprio tesouro federal. Mas temos um orçamento assinado com a presidente Dilma. Temos quase R$ 10 bi contratados para obras. Acredito muito na nossa criatividade. Vou buscar parceria, e criarmos PPP. Vou fazer parcerias com a prefeitura da cidade, estou falando permanente com o prefeito Eduardo Paes. O estado tem diversas empresas entrando. Tenho certeza que vou honrar os compromissos.

FALTA DE TRANSPARÊNCIA

O repórter Chico Otávio questionou Pezão sobre a dificuldade de obter informações sobre contratos firmados pelas agências de publicidade contratadas pelo Governo do Estado.

— Tive três negativas: uma pela assessoria e duas pela Lei de Acesso a Informações. O que o senhor tem a responder em relação a isso?

Pezão disse que não sabia dos pedidos, e que sempre lutou pela transparência.

— Quando fui prefeito, estou falando de 1998 e 1999, o cidadão já tinha direito de saber como estávamos gastando. Foi ordem do Cabral e é minha também de prestar conta de tudo. E deixar tudo disponível na internet: mais de 80% das nossas compras são feitas por pregões eletrônicos.

O governador se comprometeu a divulgar a lista de bens do secretariado, para que a evolução patrimonial dos titulares das pastas possa ser acompanhada de forma transparente.

— É um compromisso. Todos os que forem nomeados, sim. Não tenho nehum problema com isso. É obrigação do servidor ter transparência.

CORRUPÇÃO NA PM E SEGURANÇA

Em menos de um mês, dois comandantes da Polícia Militar foram pressos sob a acusação de extorsão e repassar essa verba para cúpula. Pezão disse que, com a autonomia dada ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, está tentando mudar a mentalidade da corporação.

— Nós estamos cortando na própria carne. Não faço feliz, porque não podemos culpar todos os PMs por atitudes erradas por isso. Estamos tentando mudar. Agora, são 208 anos de polícia, mas uma polícia que foi treinada para o combate.

Pezão disse que nunca pediu promoção de um policial ou delegado, e que a polícia hoje “não é feita de indicações politicas”.

— É claro que precisamos aperfeiçoar. Você não muda umas intituição que de 208 anos assim.

Pezão disse que não chegou a discutir com Beltrame a eventual manutenção, se for eleito, do secretário no cargo:

— Não tenho nem tempo para isso. Todas as vezes que eu chego perto dele é tanta coisa pra discutir. Tenho uma carinho especial pelo Beltrame. Ninguém nunca tinha se dedicado tanto a segurança pública com ele. Sou amigo pessoal dele, passamos alguns finais de semana juntos, mas não posso pedir nada sem ter vencido. Se o povo me escolher, ai no 27 a gente conversar. Antes disso, não.

AUSÊNCIA DE CABRAL NA CAMPANHA

Pezão justificou a ausência do ex-governador Sérgio Cabral em sua campanha, mesmo após a eleição de seu filho, Marco Antônio Cabral, para deputado estadual:

— Quem tem que aparecer sou eu, eu quem vou governar. Ele apareceu no meu primeiro programa, mas o candidato sou eu, eu quem precisa ser conhecido. Também me perguntam porque o prefeito Eduardo Paes não aparece. E ele tem um dos melhores índices de aprovação. Mas na campanha, o candidato sou eu. O governador Sérgio Cabral será um conselheiro do nosso governo. Ele governou muito tempo e é um homem experiente.

Perguntado sobre o jantar em um restaurante luxuoso de Paris, em 2012, no qual secretários estaduais tiraram fotos junto com empresários que possuem contratos com o governo, com guardanapos amarrados na cabeça. O candidato do PMDB à reeleição destacou que o ex-governador não participou do episódio, e disse também que não participaria, se estivesse lá:

— Não faria. Até porque não tenho nem cabelo para tampar. Não é do meu temperamento. Assim como o governador Sérgio Cabral não fez. Alguns secretários se excederam, mas era um momento de festa. O governador Sérgio Cabral estava recebendo a maior honraria do governo francês. E lá estavam empresários, o presidente da Frijan, o embaixador. Mas temos que lembrar das conquistas desse governo.

‘O PT RACHOU NOSSA ALIANÇA’

Ele culpou o PT pela divergência no PMDB no Rio, que vem sendo alvo de ataques de Crivella. Hoje o partido do governador se divide, no plano da disputa federal, entre o apoio à presidente Dilma e ao candidato do PSDB, Aécio Neves.

— Quem criou essa dissidência na nossa aliança foi o PT. Tínhamos aliança de sete anos. Dilma disse que era uma aliança que ela queria para o Brasil. Tiramos sonhos do papel: urbanização de favelas, arco urbano. O PT provocou racha na nossa aliança. Cheguei ao primeiro turno com 18 partidos, o que me deu uma propaganda longa de TV. Tenho que respeitar essas alianças. Sempre afirmei e nunca escondi que minha candidata é a presidenta Dilma.

Pezão Se o senhor for reeleito, existe a possibilidade de o PT voltar a ter espaço no governo do estado?

— Eu me comprometo a dar entrevista e discutir isso assim que eu for reeleito. Mas não quero discutir isso ainda. O PT tem excelentes quadros e quero ter uma equipe de excelência. Mas quero primeiro ganhar a eleição, para depois pensar nisso.

Ele evitou falar sobre distribuição de cargos entre os 21 partidos de sua coligação.

— Nem todos os partidos ocupam cargos. Eu sempre, desde que sou prefeito, procurei escolher os melhores. Sempre quis ter especialistas para governar. Mas eu quero ganhar primeiro para escolher o meu secretariado.

O governador ainda minimizou sua participação no governo de Rosinha Garotinho:

— Fui secretário (de Integração Regional) por dois meses. Cheguei pelos meus méritos pela Associação de Prefeitos e pelo Conselho Fiscal. Procurei fazer a interlocução dentro dos municípios. Aprendi muito, vi como eles eram belicosos e não avançavam em Brasília.

OBRA PARADA POR ‘RATO DE UM OLHO SÓ’

Pezão voltou a defender a necessidade de “simplificar as licenças ambientais”, para que as obras de infraestrutura possam ser encaminhadas sem interrupções.

— O arco metropolitano, por exemplo, levamos um ano e meio para discutir como passar com uma estrada importantíssima por dentro de uma floresta de eucalipto. Ambientalistas diziam que não era uma planta nativa. Exigiram tantas medidas que levou um ano e meio para autorizar. Ficamos 50 anos esperando por essa estrada na Costa Verde. Começamos a obra e apareceu um rato de um olho só e parou tudo. Na hora de asfaltar parou a obra. Depois de os operários serem demitidos… É uma briga de dois órgãos federais.

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DA CEDAE

“A respeito de declaração do governador Luiz Fernando Pezão durante sabatina do jornal O Globo sobre possível risco de problemas no abastecimento de água no Rio de Janeiro, em decorrência da falta de chuvas, a Cedae esclarece que:

1) Não há risco de falta d’água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que é abastecido pela Estação do Guandu;

2) O título da matéria que está no Globo Online não condiz com o que foi dito pelo governador: “…mas se a seca continuar pelos próximos 30 dias, vamos ter problema. Não sei se haverá falta d’água no Rio”;

3) O que o governador quis informar é que existem algumas regiões do estado abastecidas por mananciais locais que podem ter o abastecimento prejudicado se não chover nos próximos 30 dias, que é um fenômeno comum que acontece em períodos de estiagem.;

4) A Estação de Tratamento de Água do Guandu, que obteve registro do Guiness Book of Records como maior do mundo com produção de 43 mil litros por segundo, atualmente está produzindo em pico 45 mil litros por segundo, o que é além de sua capacidade.

Portanto, a Cedae reitera que não há risco de falta d’água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mantendo-se as regras operacionais estabelecidas pela Agência Nacional de Águas.”

FONTE: http://oglobo.globo.com/brasil/pezao-se-nao-chover-em-30-dias-vamos-ter-problemas-14266749#ixzz3GQ90eV10

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