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Campinas usará esgoto tratado para consumo humano

Campinas vai fazer a transposição da água de reúso nos rios Capivari e Atibaia para aumentar a vazão desses mananciais em 890 litros por segundo (l/s) e dar mais segurança hídrica à cidade.
O investimento será de R$ 102 milhões, parte dele bancado pelo Aeroporto Internacional de Viracopos. A decisão está em um pacote de medidas de enfrentamento da crise hídrica anunciado nesta quinta-feira (31) pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) e que inclui mais rigor na punição contra o desperdício, a contratação de empresa para buscar área para construção de uma represa com capacidade para garantir o abastecimento por 77 dias e a prorrogação do período de estiagem para 30 de novembro.
Campinas será a primeira cidade do país a utilizar a água de reúso no abastecimento. A previsão é que as obras estejam concluídas entre 12 e 18 meses. Para isso, no entanto, terá que conseguir licenciamento ambiental da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) e uma outorga especial do Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee), porque haverá transferência de água de um rio para outro, ou seja, transposição, alterando o balanço hídrico.
Alternativas
“Não deveremos ter problemas, porque a crise hídrica está mostrando a necessidade de termos alternativas de abastecimento e tramitação das licenças deverá ocorrer em regime de urgência”, disse o secretário do Verde, Rogério Menezes.
A intenção inicial era levar essa água direto para as estações de tratamento e depois ao sistema de distribuição, mas a falta de legislação sobre o tema levou a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) a adotar a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A orientação da OMS é para o uso indireto desse efluente, que pode ser feito através da diluição dos esgotos, após tratamento, em um corpo hídrico (lago, reservatório ou aquífero subterrâneo). Depois de determinado tempo de retenção, é efetuada a nova captação, seguida de tratamento adequado e posterior distribuição para consumo.
Adutora de 19 km
Para operacionalizar o uso do esgoto tratado para fins potáveis, será construída uma adutora de 19 quilômetros que levará a água do esgoto tratado na Estação de Produtora de Água de Reúso (EPAR) Capivari, no Jardim Campina Grande, até a área de captação no Rio Capivari, próximo da Rodovia dos Bandeirantes. A adutora irá recarregar o rio com uma vazão de 290 l/s – a água será tratada na estação que está junto da captação e distribuída à população. A água do Capivari abastece hoje cerca de 5% da população.
Essa adutora será construída pela Aeroportos Brasil Viracopos, gestora do aeroporto, a um custo estimado de R$ 12 milhões. A Prefeitura vai pagar esse investimento com os serviços de água e esgoto. A conta mensal de água, de esgoto e a aquisição de 0,03 m3/s de água de reúso pelo aeroporto serão abatidos no investimento. Outra adutora será construída para levar a água de reúso direto da EPAR para o aeroporto.
Outra transposição
Outra transposição ocorrerá do Ribeirão Anhumas para o Rio Atibaia. A Sanasa vai investir na readequação completa da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Anhumas, que também será uma unidade produtiva da água de reúso. A ETE descarrega a água no Ribeirão Anhumas atualmente. Uma adutora irá levar essa água até a captação da Sanasa, no Rio Atibaia, no distrito de Joaquim Egídio. O custo da obra está estimado em R$ 90 milhões. O prefeito disse que a modelagem econômica do investimento ainda não está definida.
Foto: Janaína Ribeiro/ Especial a AAN

Por falta de legislação sobre o tema, água de reúso será lançada no rio antes de ser captada para tratamento

Por falta de legislação sobre o tema, água de reúso será lançada no rio antes de ser captada para tratamento
O diretor técnico da Sanasa, Marco Antônio dos Santos, disse que a população não deve ter receio em relação a essa água que é resultado do tratamento de esgoto. Segundo ele, a água de reúso produzida pela Sanasa tem alto grau de pureza. A produção utiliza membranas ultrafiltrantes sem o uso de produtos químicos. Essa tecnologia, importada da Hungria, resulta em uma água com 99% de pureza. “É uma qualidade muito melhor do que a que está no rio” , disse.
Usada em outros países
“Antes de ser distribuída ela será tratada com alto padrão de qualidade” , afirmou. Inédita no Brasil, a experiência já é utilizada em várias partes do mundo. Na cidade de Windhoek, República da Namíbia, esgotos exclusivamente domésticos vêm sendo tratados para fins potáveis e os esgotos industriais são coletados em redes separadas e tratados independentemente.
Ocorre, também, um controle intensivo feito pela população no sentido de evitar a descarga, mesmo que de forma acidental, de efluentes industriais ou compostos químicos de qualquer espécie, no sistema de esgotos domésticos.
A primeira estação de potabilização de esgoto foi feita nos Estados Unidos em 1976 e se denomina Water Factory 21, localizando-se em Orange County, Califórnia.
O objetivo era lançar o esgoto tratado no subsolo e diluí-lo na água subterrânea, impedindo assim sua salinização por percolação da água do mar. Posteriormente foi feito um reservatório para distribuição à população da água obtida por meio da potabilização do esgoto

Multa prorrogada

O prefeito Jonas Donizette assinou decreto nesta quinta-feira prorrogando para 30 de novembro o período de estiagem em que, quem for flagrado desperdiçando água, será multado. Ele está enviando à Câmara projeto de lei que vai dar mais rigor à punição – atualmente, quem é flagrado, primeiro é advertido, e na reincidência, multado em três vezes o valor da última conta de água. A nova lei vai eliminar a advertência.

Foto: Cedoc/ RAC

Prefeitura prorroga multa para quem for flagrado desperdiçando água

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Como a intenção não é punir, mas educar, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) vai montar cursos de uso sustentável e racional da água para a população, utilizando as aulas como alternativas às multas. Quem for flagrado e multado, ficará livre da multa se frequentar as aulas. Periodicidade do curso, local, data de início estão ainda em análise.

Estudo para represa

A Administração anunciou que contratou a empresa Irrigart Engenharia de Consultoria em Recursos Hídricos e Meio Ambiente para que, em 60 dias, indique áreas onde possam ser construídos reservatórios de água bruta, com capacidade para garantir o abastecimento de Campinas por 77 dias. A intenção do prefeito é implantar o empreendimento por meio de uma parceria público privada (PPP).

Independente do estudo que a empresa fará, Jonas já lançou um chamamento público de empresas interessadas em apresentar projetos incluindo estudos técnicos, jurídicos, econômico-financeiros e de localização da futura barragem.
Duas alternativas
A proposta é que a cidade possa ter, possivelmente com o represamento do Ribeirão das Cabras, um reservatório capaz de garantir água, na eventualidade de seca prolongada, por cerca de 2,5 meses. Um impeditivo da implantação de uma barragem como essa – cuja função seria a de armazenar água para situações extremas – é o preço das terras.
Duas possibilidades estão sendo pensadas. Uma, represar o Rio Atibaia, próximo a área de captação, na Rodovia D. Pedro I. Outra, implantar o reservatório junto das estações de tratamento de água 3 e 4, na Rodovia Heitor Penteado (estrada para o Distrito de Sousas).
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